Ronaldo relembra apreensão horas antes da final contra a Alemanha, no Japão, por conta dos problemas vividos no dia da decisão da Copa de 1998
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Quatro anos depois. Final de Copa do Mundo. Ronaldo estava novamente no centro do futebol, com todos os olhares voltados para o seu desempenho. O relógio já passava das 13h no horário japonês, o almoço tinha transcorrido normalmente, mas a partir daí surgiu o receio: o medo de que o problema vivido antes da decisão de 1998, na França, acontecesse novamente. O segredo foi caminhar pelos corredores da concentração do time canarinho até o ônibus partir para o estádio de Yokohama, onde horas mais tarde a Seleção Brasileira conquistaria o pentacampeonato mundial. Esse foi o momento inesquecível de 2002 na cabeça do ex-jogador na conquista do torneio e no triunfo por 2 a 0 sobre a Alemanha, há exatos dez anos.
Antes dos 90 minutos, apreensão e incertezas por tudo o que foi vivido em 1998. Essa foi a revelação que Ronaldo fez ao relembrar 2002. Em campo, tudo mudou. Foram dois gols em cima de Oliver Kahn, festa e celebração por fechar o torneio com chave de ouro e a redenção de um Fenômeno, que chegou a ser considerado acabado para o futebol por causa da cirurgia no joelho em 2000.
- Depois do almoço, o medo apareceu. O problema em 1998 foi exatamente depois do almoço e eu não queria que acontecesse de novo em 2002. Na França, eu tinha ido dormir e aconteceu tudo. Quatro anos depois, eu fiquei acordado, não queria dormir. Fiquei andando de um lado para o outro no corredor da concentração. Era a tensão pela chegada da final. Mas em campo, tudo passa – revelou o ex-camisa 9, hoje membro do Conselho de Administração do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 (COL) e empresário na 9ine, sua agência de marketing.
Ronaldo sabia das dificuldades que seria enfrentar Kahn, eleito pela Fifa o melhor jogador do torneio antes da decisão. De acordo com o Fenômeno, o alemão era gelado, pouco falava em campo. Mas o objetivo era justamente quebrar esse “homem de gelo”.
- Não teve nenhuma provocação ao Kahn após os gols e a vitória. Foi o jogo mais emocionante da minha carreira. Lembro que após aquele jogo, nós ficamos dois ou três dias sem dormir. Tivemos a viagem de retorno ao Brasil, as comemorações, a ida a Brasília. Foi bem emocionante – relembrou.
Dez anos do penta
As preleções de Felipão eram demoradas, segundo o Fenômeno. O treinador relembrava os treinos, citava o nome dos jogadores, mostrava vídeos... Tudo para ter o melhor de sua equipe dentro de campo. Mas uma das poucas orientações contrárias do treinador que surtiu efeito aconteceu exatamente no lance do primeiro gol na decisão.
- O interessante é que o Felipão proibia que nós treinássemos rebote do goleiro. Ele tinha medo que nós pudéssemos nos machucar. Mas eu sempre estava lá, sempre treinava isso. No fim, eu fui até ele e disse: viu o que decide uma Copa do Mundo?
No fim, Ronaldo comentou o fato de o grupo de Felipão ter sido chamado de “Família Scolari”. Segundo o Fenômeno, a união do grupo não era falsa.
- Muitas vezes, nós falamos que temos um bom grupo, um bom ambiente, mas isso é para ser passado ao torcedor. Na Copa, não era assim. Nós éramos um grupo mesmo, uma família. Todos muito unidos – concluiu o Fenômeno.
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